Montar uma boa sala de musculação é o sonho de muitos empreendedores do mercado fitness. O problema começa na hora de criar a lista dos equipamentos, assim como a escolha das marcas e modelos.
- Comprar a marca mais famosa do mercado?
- Comprar mais variedades ou mais dos básicos?
- Comprar a mesma marca do meu concorrente ou uma bem diferente?
- O que será que meu cliente valoriza nessa hora?
- Que público desejo atrair para minha academia com esses equipamentos?
Essas e muitas outras perguntas recebo mensalmente de proprietários e gestores de academias em minhas redes sociais. Sendo assim, decidi dividir algumas ideias com você por aqui. Espero que aproveite bem.
Erro 1: Comprar a marca mais cara – independente do público
As marcas mais famosas e mais caras não cobram mais que as demais sem motivos. Pois sim, são as mais vistas e adoradas pelos clientes.
Por mais que outras marcas possam ter mais qualidade ou benefícios (sim, é possível), o cliente final já é capaz de avaliar e exigir o mínimo em experiência.
Algo do tipo: “se não for no mínimo a marca XPTO, nem me matriculo).
Algumas marcas caras são bem comuns em mais de um modelo de negócio, seja atendendo negócios premium ou low cost, estúdio ou box. O perigo está para quem está no meio, academia de bairro.
A academia tradicional de bairro não tem verba suficiente para negociar grandes quantidades e nem poder de barganha para exigir extinção do intermediário (vendedores). O conflito entre modelo de negócio e posicionamento de mercado pode ser a causa.
Se sua academia não é uma rede premium, nem low cost, vale a pena pesquisar outras marcas que lutam por um espaço no mercado, oferecendo boa qualidade, mesmo não sendo tão conhecidas. Tudo vai depender da promessa que você faz ao cliente nas campanhas de marketing e na entrega do que foi prometido.
Erro 2: Comprar mais variedade do que mais dos básicos
Se tem uma coisa que coordenadores e proprietários acreditam de pés juntos é: Quanto maior a variedade de equipamentos, melhor. Ao meu ver: “Nem sempre”.
Uma sala com boa variedade realmente impressiona, no entanto, na prática (dia a dia), muitos clientes se irritam por ter que esperar muito para treinar em determinado equipamento. Tira todo o dinamismo do treinamento e gera percepção ruim não só da academia, mas da modalidade musculação.
Nas academias de bairro, na maioria das vezes, é menos estressante e passa melhor impressão de qualidade ter mais equipamentos repetidos (dos básicos) do que variedades.
Nas grandes academias de rede vemos variedades, mas com maior quantidade de cada um dos básicos também. Se você não é grande, resolva seu problema com uma boa logística e treinamento dos profissionais para explorar possibilidades.
Uma coordenação técnica que não treina os profissionais para explorarem todo o potencial da sala de musculação, leva culpa pelos vícios de prescrição e, consequentemente, pelas filas nos equipamentos principais.
Erro 3: Investir mais em máquinas de placas do que em livres e articulados com anilhas
Máquinas de placas são uma verdadeira mão na roda. Não há o que discutir, certo?
O que nem sempre pensamos é que elas podem custar duas ou três vezes mais do que a versão livre ou articulada com anilhas.
Pulley, Cross Over, Cadeira Extensora | Flexora são inevitáveis, pois são extremamente utilizados e as placas ajudam na dinâmica da sala. No entanto, diversos outros equipamentos poderiam compor sua sala com custo menor, inclusive de manutenção.
Avalie se o ticket médio que deseja para sua academia realmente sustenta o investimento na maioria dos equipamentos com cargas em placas.
Preencher seu espaço com equipamentos de placas (em sua maioria) é caro, mas atrai um público diferente das academias que valorizam uma boa estante de halteres, barras prontas e centenas de possibilidades com pesos livres.
Lembre-se: Tudo isso é musculação, logo, o que você coloca em sua sala diz muito sobre que tipo de público deseja atender (mesmo sem querer).
Erro 4: Escutar apenas o cliente e suas preferências
Se ouvir apenas o cliente na hora de comprar equipamentos, certamente comprará um bem caro com pouca funcionalidade em sala.
O cliente está acostumado a fazer o que deseja na sala de musculação, diferente das demais modalidades. É uma cultura do mercado que só mudaremos se todos se envolverem no processo. O ideal é e sempre será o cliente seguir a orientação, a jornada planejada.
O cliente certamente desejará algo novo, que tenha visto em outra academia ou recomendado pelo personal on-line dele. Resta sabermos se a sugestão atende as reais necessidades da sua empresa, lembrando que quando a academia tem uma metodologia de trabalho baseada em promessa, processos e treinamento contínuo da equipe, o equipamento em si vira apenas um detalhe.
Escute o cliente, mas estude o mercado e cuide para que sua marca esteja bem representada. Muitos clientes sabem o que querem, mas poucos sabem do que precisam. É dever da academia mostrar na prática.
Erro 5: Acreditar na renovação para fidelizar clientes
Clientes estão saindo da academia, milhares de reais estão sendo investidos para atrair leads e não se vê luz ao fim do túnel. CUIDADO COM ESSA ARMADILHA! Lembre-se, quando um novo cliente visita sua academia, ele não está de “saco cheio” dos equipamentos que estão lá.
Se as campanhas de marketing digital estiverem atraindo o público certo, certamente o que valerá é O estado de conservação e manutenção dos mesmos, assim como o layout da sala (convidativo).
O que não pode acontecer é?
- Não rever processos;
- Não avaliar possibilidade de novos produtos;
- Assumir dívidas na compra de novos equipamentos com a crença de que atenuará a evasão (não seja inocente).
Muitas academias se afundam em empréstimos por conta disso. Assim que os equipamentos da sala são renovados, fazem uma promoção com valor abaixo do ticket médio para atrair clientes, clientes estes que nada representam o posicionamento de mercado desejado pelos acionistas.
Mudar layout da sala, pintura e novos produtos costumam ser bem eficazes e custam bem menos.
Lembre-se: Novos produtos não significa “novos equipamentos”.
Erro 6: Não intervir em vícios de prescrições
Vistorie os treinos de todos os professores da sua academia, se você for o coordenador técnico. Certamente há vícios de prescrição e predileção por determinados equipamentos. O fato da sala ser monitorada por poucos profissionais requer agilidade na prescrição. É assim que surgem os vícios e predileções, acarretando em:
- Alguns equipamentos com mais filas que outros;
- Maior desgaste em alguns equipamentos, comprometendo estruturas que são mais utilizadas no mesmo espaço de tempo para manutenção;
- Maior percepção de academia lotada pelo cliente;
- Evasão.
Converse com os profissionais antes de comprar novos equipamentos, pois são eles que prescrevem, ou, racionalmente falando, comprem novos equipamentos que possam causar boa impressão e crie uma metodologia de prescrição que explore toda a sala, promovendo a utilização de todos os equipamentos.
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