Professor Fábio Cantizano
Prof. Esp. Fábio Cantizano – UNICONFIT – CREF: 16603-G/RJ

As técnicas de treinamento do fisiculturismo fazem parte das rotinas de milhões de praticantes de musculação, desde os admiradores da estética até portadores de doenças cardíacas, hipertensos, obesos mórbidos, diabéticos, idosos, etc.

Sim, a musculação desenvolvida e disseminada pelos bodybuilders faz milagres!

O grande problema é…

Será que a população relaciona esses benefícios ao esporte que deu origem ao comportamento que vemos hoje dentro da sala de musculação, com diversas faixas etárias puxando ferro pra valer? Creio que não!

O que atrapalha a imagem do esporte que tem um alcance tão humilde é o comportamento de alguns envolvidos.

A prova dessa afirmação é a realidade de que só acompanha o fisiculturismo quem está inserido nele de alguma forma, diferente do futebol ou vôlei, que tem fãs que sequer pisaram em algum campo ou quadra ao longo da vida.

Você pode discordar de mim, mas ainda assim peço que leia até o final, ok? Vamos aos comportamentos?

1 – Irritação com sala cheia

Chega meados da primavera e a academia começa a lotar de pessoas que treinam pela sazonalidade, ou seja, apenas para o verão, com total desconhecimento de que um bom shape se constrói ao longo do ano.

Muitos atletas se irritam e demonstram essa insatisfação assim que entra na academia, pronunciando palavras que dificilmente ajudará na criação de uma boa imagem.

Exemplo: Certa vez presenciei uma cena em uma academia que estava começando a encher no mês de novembro. Um atleta chegou e viu a sala cheia de alunos novos. A primeira reação dele foi falar em voz alta o suficiente para todos ouvirem:

“Eita, caramba, se eu soubesse, teria trazido milho pra essa frangalhada de verão toda…”, dando uma gargalhada em seguida.

Uma semana depois, procurou o dono da academia para pedir ajuda em um campeonato com o valor em dinheiro da inscrição. Foi prontamente foi negado. Sabemos o motivo.

Jamais hostilize ou demonstre sua insatisfação de forma agressiva ou debochada, pois certamente a imagem negativa será atribuída ao atleta e ao esporte.

Muitos atletas que atingiram patamares mais altos construíram seus Centros de Treinamento (CTs). Medida esta que possibilita sessões de treino com certo sossego. Se você não tem ainda condições de construir seu CT, mantenha-se na linha na academia, pois essa “frangalhada” rende mais dinheiro do que alguns atletas nas academias,

Acredite, a quantidade de clientes dentro de uma academia por conta da presença de um atleta é irrisória, ao menos hoje em dia (ainda).

Homem com olhar de irritado
se você é mal-encarado, tente ao menos ser gentil em sala.

2 – Síndrome do Rei na barriga

3 anos atrás eu estava em uma academia perfeita para bodybuilders, mas com pouco potencial de lucratividade para o proprietário. Sempre observo se a estrutura é boa para ambas as partes.

Um atleta ainda desconhecido, embora com alguma experiência de palco, reclamou com um rapaz que desejava se exercitar na cadeira extensora. O rapaz viu o equipamento vazio e sentou. De longe, no bebedouro, o atleta berrou:

“Fala ae irmão, eu tô aí…”. O rapaz prontamente respondeu: “Me desculpa, mas você está aí no bebedouro conversando há quase 10 minutos, logo, não está aqui…”. É claro que o atleta não gostou da resposta. O professor de plantão prontamente interviu e apaziguou a situação.

O ideal seria o atleta ir até o equipamento e falar: “Boa noite, irmão, se incomoda de revezarmos para eu terminar minha série nesse equipamento?” Mas ele preferiu soltar: “É incrível como não se respeita mais a hierarquia de quem pega mais pesado hoje em dia”.

Todos os atletas são assim? Claro que não, no entanto, o comportamento de um pode condenar a imagem de outros.

3 – Não medir palavras na internet

Hoje vivemos a era digital, com inúmeras possibilidades de comunicação com o público. Poucos anos atrás o atleta tinha que suar a camisa para ser entrevistado em alguma revista de musculação para ganhar notoriedade. O cenário mudou completamente, embora notas negativas de uma mídia de massa ainda tenha sua importância.

Muitos treinadores e nutricionistas que eram colunistas das extintas revistas de musculação criam conteúdos ilimitados em suas redes sociais hoje em dia. Realmente as possibilidades de aparições são bem democráticas atualmente, desde que tenha relevância.

Nenhum atleta depende mais de mídias de massa (revistas e jornais) para aparecer ou ganhar espaço no mercado. Todos são autores de conteúdos personalizados com linguagem própria em seus canais digitais, sem filtros ou edições.

Por um lado isso é bom, pois o atleta tem a oportunidade de expor sua personalidade, por outro, a má gestão do conteúdo pode comprometer seu potencial de desenvolvimento enquanto marca promissora.

Cuidado

Falar mal de empresas que não patrocinam o esporte, assim como de pessoas que “atrapalham” seus treinos na academia por não serem atletas são apenas 2 exemplos comuns que vejo quando acompanho as publicações.

Poucos atletas passam por treinamento de marketing ou comunicação para “policiar” comentários ou mensagens em suas aparições nos Podcasts e Lives. Muitos ainda não aprenderam a diferença entre posicionar-se politicamente e ser defensor de político.

Ano passado assisti o vídeo de um atleta dizendo que gostava de treinar de madrugada, pois de noite tinha “um monte de gordos ocupando equipamentos, sendo que não conseguiriam nada por terem mentes de obesos”. Este era um atleta que eu tinha vontade de entrevistar para alguns blogs, inclusive este, mas essa atitude mudou minhas intenções.

Vale ressaltar que esse atleta é ex-obeso e conseguiu vencer a doença através da musculação, perdendo uma excelente oportunidade de influenciar positivamente quem está travando a mesma batalha que ele enfrentou.

Considerações finais

O fisiculturismo é um esporte fantástico e tem como protagonista o atleta. O atleta é a personalidade que movimenta o esporte. Quando um fisiculturista tem comportamento inadequado na sala de musculação, na internet ou qualquer outro ambiente, o esporte sofre com preconceito de quem poderia realmente movimentar a economia através dos produtos físicos e serviços atrelados ao fisiculturismo.

O consumidor está cada vez mais informado e ávido por informação e experiência de qualidade. O atleta, ou seja, você, é a grande fonte de inspiração. Sendo assim, comporte-se como ídolo e assim será visto. O esporte depende de ti, atleta, mas você escolhe como quer ser percebido.

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